quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Histórias que eu conto e (as vezes) canto


Um dos maiores sonhos do radialista Etevaldo Alves, quando morava em Ceará-Mirim nos anos 90, era trazer para a cidade o Padre Zezinho. Devido os inúmeros compromissos do pioneiro padre cantor, conseguiu-se agendar em 1992 um show para o ano seguinte, após o retorno de uma temporada no México.
A confirmação veio através de uma ligação telefônica do próprio Pe. Zezinho para Etevaldo, quando este, numa manhã de domingo, apresentava o seu programa na extinta Rádio Novos Tempos. Na oportunidade Padre Zezinho falou “no ar” assumindo o compromisso de vir a Ceará-Mirim.
Em seguida Etevaldo contactou Fernando de Oliveira, Willian Ferreira e Edvaldo Morais, que mobilizaram os grupos e movimentos da paróquia para realização do evento que aconteceu no dia 26 de novembro de 1993 no estádio do Centro Esportivo e Cultural. O show, denominado “Um coração para amar”, contou com a participação de Antônio Cardoso, missionário cantor que acompanhava o Padre Zezinho. Este evento atraiu um numeroso público não só da cidade, mas de várias partes do estado.

Naquela tardinha eu estava saindo da casa paroquial quando um carro parou perto de mim. Etevaldo desceu e foi logo me falando: “olha o homem aí, Eliel!” Era ele, aquele padre de quem eu era fã, pois conhecia suas canções desde a década de 70. Acho que a primeira música sua que cantarolei foi Balada por um reino. Depois vieram muitas outras: Um certo Galileu, História de Maria, Cantiga por Francisco... E inúmeros Long Plays.

Mas o que eu estava fazendo naquele momento que me encontrei com o Pe. Zezinho? Eu explico. Etevaldo havia me falado que precisava de um bom violão para o padre cantor usar no show. Nesse período eu tocava no Grupo de Cânticos Irmã Brígida e, modéstia parte, num excelente violão (flat) Giannini. Como pertencia a paróquia, fui pedir autorização ao Padre Rui. Expliquei pra ele o motivo da escolha do violão, por ser um dos melhores da cidade. Ao ouvir isso, o vigário que não costumava esbanjar sorrisos mostrou uma cara de satisfação e estampou um daqueles que ia de uma orelha a outra. Padre Rui sempre foi vaidoso e só escolhia o melhor. Autorizado, deixei o violão no escritório e saí. Foi quando dei de cara com o outro pastor. Etevaldo fez as apresentações, expliquei alguma coisa sobre o instrumento, apertamos as mãos e saí daquele encontro como quem, sem exageros, tinha visto o próprio Galileu.

À noite, o show foi maravilhoso, apesar de alguns problemas com o som, que o próprio padre cuidou de ajustar. E para nosso orgulho, tocou algumas canções acústicas no “meu” violão. Dali em diante eu é que passei a tocar com o violão do Padre Zezinho.
 No próximo dia 29, ele estará em Natal, no Papódromo, para um show de encerramento do primeiro Congresso Eucarístico Missionário. Não garanto estar lá. Ultimamente ando meio sem estímulo para ver celebridades de perto (e queira ou não, ele é uma celebridade). Continuo com a mesma admiração pelo Pe. Zezinho e tenho as suas canções como mensagem para minha vida toda. Mas prefiro ouvi-lo no silêncio da minha casa. Para finalizar, transcrevo uma de suas letras que vem martelando o meu juízo desde a primeira audição. Quando me deparo com tanta intolerância religiosa nesse mundo de meu Deus, recorro a esse seu decreto:

E se eu cantar por meu irmão
E em nome dele eu invocar teu nome
E se eu cantar uma canção
E se eu dançar por meu irmão
E me esquecer que o meu irmão tem fome
Será engano meu, não é religião
Querer que as coisas fiquem como estão
E não buscar aqui alguma solução
Será engano meu, não é religião
Querer que tudo fique como está
E não acreditar que a história mudará

Enquanto eu canto esta canção
Lá fora eu sei que algum irmão padece
Se eu me esconder nesta canção
Se descansar num violão
Ou me ocultar atrás de alguma prece
Será engano meu, não é religião
Querer que as coisas fiquem como estão
E não buscar aqui alguma solução
Será engano meu, não é religião
Querer que tudo fique como está
E não acreditar que a história mudará

Se eu cantar por meu irmão – Pe. Zezinho, scj
Disco: Coragem de Sonhar - 1984
Fotos: Acervo de Etevaldo, blog Chaminé e Eliel Silva

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"É justo, é muito justo, é justíssimo..."


Como diria o ex-bicheiro Giovanni Improtta, personagem de José Wilker na novela Mulheres Apaixonadas. Esse panetone do rei, e não do Arruda, é para o meu amigo Edvaldo Morais. Mas é só na ilustração, viu?! Na verdade você merece um real (não confunda com $), por ter sido o web leitor a fazer o acesso 5.000 do blog. Nada mais JUSTO que isso tenha acontecido com quem fez o primeiro acesso, pois foi o criador do blog. E obrigado pelo novo layout com direito a Dylan e tudo. Portanto, meu irmão, contemple a lata do rei que no dia 25 vai ter Calcinha Preta no especial. Pago pra ver!
Até mais tarde, com uma postagem mais eclesiástica!

Um comentário:

Edvaldo Morais Lopes disse...

Valeu, Eliel!
Vindo de você é mesmo que o panetone original.
Agora é esperar o dia 25.

Tio Ed.