quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Na trilha do Goto Seco

Um dia me falaram num tal Goto Seco. Eu não conhecia. Seria algo relacionado a pinga?! Fiquei interessado em saber detalhes dessa novidade. Foi aí que me apresentaram o zine alternativo do Goto. Lembrei de mim, lá pelos idos de 80, por aí... buscava junto aos amigos natalenses uns desses jornaiszinhos cheios de notícias interessantes. Música, poesia, dicas de livros e filmes... E eis que o Goto Seco, que já está no número 22, agora aparece com tão boas intensões, exercendo a função que seria de muitos catedráticos no assunto cultura, um artigo tão em falta, que vem se agravando a cada ano. Felizmente agora parece haver uma luz no fim do túnel (ou seria no começo?!). Recentemente houve uma conquista nesse sentido, que foi a criação do CNPJ da Fundação Nilo Pereira. Quem sabe agora se possa por em prática todos os projetos e sonhos dos nossos artistas, dos mais variados seguimentos!? É preciso acreditar.
O Goto Seco, que não é de esperar por milagres (e nem migalhas), se antecipa ao poder público e lança o projeto de um livro com trabalhos inéditos dos nossos poetas. Aliás, esse é um sonho antigo de muitos. Mas é bom que isso aconteça pelas mãos desses meninos valentes, sonhadores e despojados de orgulho e interesse particular. Quando a coisa acontece e dá certo, todo mundo quer ser o pai da criança. Mas correr atrás é que são elas. Muito boa a iniciativa do professor Carlos Henrique, Carlos Eduardo e Ilton Soares.
Quinze anos depois de instituído o Prêmio de Poesia Adele de Oliveira, promovido pela secretaria Municipal de Cultura e Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas, é triste constatar que esse importante concurso há dois anos não é realizado. E a gente fica imaginando os belíssimos trabalhos apresentados ao longo desses anos e que poderiam muito bem estar registrados em livros. No entanto, se alguém procurar por eles talvez não haja nenhuma notícia. Alguém se lembra do “João da Bósnia”, do “Zé do Brejo”, da “Estrela D’Alva” e tantos outros, pseudônimos constantes nos vários prêmios realizados?! Até eu fui um desses. Hoje amargamos a saudade daquele tempo. Nós aqui de perto, Ceicinha lá em Portugal, Amarildo num lugar que eu não sei, e as nossas poesias tão fadadas ao esquecimento. Poesias que de tão adormecidas nos velhos arquivos daquela casa de leitura, hoje mais parecem pergaminhos de uma era esquecida. É preciso tirar “esse” Ceará-Mirim da gaveta! Avante Goto Seco! (Eliel Silva)

4 comentários:

Ceicinha Câmara disse...

Amigo Eliel! Concordo consigo, cara! É uma pena a nossa cidade não saber valorizar essas pessoas. Acho até que não sou poetiza, apenas considero-me uma autodidata e sábia com tudo o que aprendi na minha vida! Mas é assim, até não me importo se as pessoas valorizam o meu trabalho ou não! Quando escrevo, vivo as minhas alegrias e os desgostos da minha história em solidão. Um dia, quando eu morrer, quem sabe não ficarei famosa! Risos... Ou então, cairei no esquecimento! Sucesso e em breve espero nos encontrarmos nessa terrinha, que apesar de continuar mirim em muitas coisas, amo-a! Um grande abraço!

Carlos Eduardo disse...

Eliel, Valeu pela consideração e apoio (uma coisa rara aqui na cidade)... você, nós e tantos outros que temos uma boa intenção com a cultura da cidade sabemos como é dificil um reconhecimento e espaço, mas como você aclamou: avente e que não aguardemos pelos outros....como disse Dalai Lama: seja a mudança que você quer ver no mundo"...contamos sempre com você..valeu, abraço Eduardo C.

GOTO SECO disse...

Grande Eliel, o estímulo externo é raro(como o seu!), mas a vontade é grande. O Goto Seco se dispõe ao independente, ao alternativo pq desde cedo sabemos que se fossemos esperar por apoio nunca aconteceria. Falta muito, mas tentamos ser a mosca, o virus, ou melhor,... o colibri na floresta em chamas...(C.Henrique)

Ilton disse...

Caro Eliel, valeu o incentivo. São palavras como as suas q nos dão mais força para fazermos algo pela cultura da terrinha, mesmo q seja cultura alternativa. Parabêns pela qualidade do texto.
Ilton Soares.