Durante décadas as muitas insinuações nas letras do americano Cole Porter eram o que havia de mais picante na canção popular. Mas em 1965, Mick Jagger, vocalista da banda inglesa Rolling Stones, começou a cantar "(I can't get no) Satisfaction" num compacto lançado em 20 de agosto, e tudo mudou. Na época, o guitarrista Keith Richards afirmou ter acordado no meio da noite num quarto de motel na Flórida com o refrão na cabeça. No dia seguinte não se lembrava de nada, mas tinha registrado o trecho de canção num gravador.
A banda que já tinha fama de ser formada por rapazes desgrenhados e bizarros, nas palavras de um jornal inglês, foi definitivamente consagrada como os meninos maus do rock— na verdade uma estratégia de mercado para diferenciar radicalmente o grupo de seus rivais mais bem comportados, aqueles quatro rapazes de Liverpool. No mesmo ano. O novo sucesso serviu de carro-chefe para "Out of our heads", o quarto LP da banda, que lançara o primeiro disco em 1964. Depois de "Satisfaction" o vocabulário da canção pop foi se tornando cada vez mais jovem e esclarecedor.
O ano definitivo para a consolidação do mito de meninos maus dos Rolling Stones foi 1969. Em 3 de julho, Brian Jones foi encontrado afogado em sua piscina na qual teria caído, segundo o médico legista, "sob o efeito de drogas e álcool". No mês anterior, ele tinha deixado os Stones depois de um confronto com Jagger e Richards e pretendia formar sua própria banda. Em dezembro, um espectador morreu esfaqueado durante urm tumultuado show do grupo—com segurança feita pelo grupo de motociclistas Hell's Angels—em Altamont, Califórnia Além das tragédias, uma radical incursão cinematográfica: os Rolling Stones foram os astros do documentário "One plus one/Sympathy for the devil", do mais badalado diretor da década de 60, o francês Jean-Luc Godard. Depois da dissolução dos Beatles, em 1970, não havia mais quem rivalizasse com os Rolling Stones.
Fonte: Planeta Rei
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