terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Volta ao rock
em novo disco produzido por Liminha
Antonio Carlos MIguel - Jornal O Globo

Instalado no estúdio do produtor (e baixista, guitarrista e parceiro) Liminha, Erasmo Carlos diz que o disco que está acabando de gravar é uma volta ao rock. Diz e prova, botando para tocar algumas das faixas quase prontas - faltam detalhes de instrumentos e a mixagem final, mas o som que sai das caixas não deixa dúvida, é rock básico, fiel às origens do eterno Tremendão, que, em 2009, completará 68 anos.
- Este disco é algo que estava devendo a muitos de meus fãs. Na verdade, era uma coisa que também estava devendo a mim mesmo - diz.
Se por um lado volta ao ritmo que o fez virar cantor e compositor, Erasmo Carlos também abre novas portas. O CD, ainda sem título, será o primeiro em sua própria gravadora, Coqueiro Verde, administrada por um de seus três filhos, Leonardo Esteves. Também será o primeiro a contar com a grife de Liminha, o produtor top do rock brasileiro nos anos 1980 e 90.
O reencontro com Liminha, que tocou baixo em álbuns de Erasmo como "A banda dos contentes" (1976), "Pelas esquinas de Ipanema" (1978) e "Buraco negro" (1984), só foi possível após um imprevisto: uma lesão no quadril direito, que, em dezembro passado, o levou ao estaleiro, adiando a gravação do disco.
- Passei pela mesma operação que Guga (Kuerten) fez. Segundo os médicos, meu problema deve ter sido causado por minha movimentação no palco. Tive que cancelar três apresentações e, antes da cirurgia, fiz meu último show sentado numa cadeira - conta Erasmo, que, apesar de ainda estar em recuperação, já caminha normalmente e não sente dor alguma. - O atraso acabou sendo bom. Na época, Liminha estava com a agenda cheia, ocupado com Jota Quest, Paralamas... Somos amigos desde o início dos anos 1970. Assim que saiu dos Mutantes, ele tocou na Companhia Paulista do Rock, que me acompanhou no período.
Também comemorando a oportunidade de produzir Erasmo, Liminha comenta sobre o sincronismo com seu atual projeto paralelo, The Three Amigos, grupo que mantém com o baixista Dadi e o cantor e guitarrista Luie. Na mesma sintonia roqueira, o produtor, que ainda tocou guitarra, gravou as bases como se fosse o disco de uma banda, com o violão de Erasmo, o baixo de Dadi e, alternando-se na bateria, João "Paralamas" Barone, Cezinha (das bandas de Moraes Moreira, Marisa Monte, Vanessa da Mata e dos Three Amigos) e Gil Eduardo (filho de Erasmo).
- O legal das músicas de Erasmo é que já chegam prontas, com o formato encaminhado. E gravamos numa levada só, sem parar para corrigir os detalhes. Como Scorsese mostra no filme dos Rolling Stones, rock tem que ser real. Esse negócio de trabalhar com correção está muito chato - diz Liminha, que também elogia o desempenho do cantor no estúdio. - Com Erasmo não tem erro. Ele vai do início ao fim da canção, sem ficar interrompendo para depois colar os melhores trechos.

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